As Pequenas Fábulas de Digressões Momentâneas sobre a Vida:

O Sapo e a Lua

No cair de uma noite de Outono, debaixo de uma centenária caducifólia um sapo pensava na vida. Era um sapo preto, de pele grossa e estranha.
O Sapo, já perdido naqueles seus momentos nostálgicos entremeados de uma constante agonia infinitamente perceptível, resolveu olhar para o céu.No escorregar de seus olhos pela noite estrelada, o Sapo se deparou com algo deslumbrante: a Lua.
Ela estava linda, de uma beleza maior impossível. “Como és bela Linda Lua”, balbuciava o estranho anuro.
O Sapo então encantado conseguiu sentir novamente o prazer de estar vivo. Olhou para a Lua e falou:
---- A sua beleza, oh Corpo Celeste dos Amores, é infinitamente bela. Deixe-me poder desfrutá-la mais de perto! Deixe esse finado Sapo chegar até você.
A Lua então, banhada por sua arrogância, apenas olhou sarcasticamente para o Sapo e disse-lhe:
---- Oh ser macabro! Ser que a nossa própria mãe Natureza o rejeitou! Nunca poderá chegar aos meus pés! Nunca passarás disso que é! Vá, volte ás suas melancolias insanas e vá se encontrar!
O Sapo, depois dessa fria humilhação e carregado por sua teimosia, resolveu mostrar a Lua que poderia sim alcança-la.
Ficou dois dias inteiros forçando as pernas para dar o maior salto de sua vida. Pôs-se ao esforço máximo de seu corpo para alcançar aquela beleza tão suprema. O Sapo, então, no começo do anoitecer esperou que a última folha da velha árvore caísse para que desse sua partida. E assim o fez. Saltou.
Saltou alto, muito alto. Saltou tão alto que ultrapassou a Lua e acabou chegando ao Sol.
Morreu queimado, completamente queimado.



Moral: Jamais tente alcançar uma beleza inalcançável para si mesmo.

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