quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Saga de Jeitosinha - XIII

A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou a Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.

Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.

- Onde você estava? - perguntou. Jeitosinha ignorou a abordagem.
Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso… - insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz. A resposta da filha foi carregada de ironia:

- O que poderia preocupá-lo, mamãe? O risco de que eu perca a virgindade ou volte grávida para casa?

Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com um gesto brusco.

- Não me encoste! Eu odeio você! Um fio de lágrima escorreu pela face esquerda da sofrida mãe.

- Querida… Você é tão jovem… Tem uma vida pela frente! Ainda há tempo de encontrar a felicidade…

- Como eu poderia ser feliz? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo de um homem!

- Veja o lado positivo… - tentou consertar Marilena - Você não tem tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de boate… Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum homem que a aceite como você é!

“Sim”, conjecturou Jeitosinha. “Este homem talvez seja Thiago. Mas como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor?”. Ela pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para enfrentar sua primeira noite no bordel de luxo.

Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia naquele corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.
Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada.
Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo, impedindo-o de dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, as duas portas do carro foram abertas, e o casal foi retirado de dentro do veículo por mãos poderosas.

Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores: eram homenzinhos verdes vestindo estranhos macacões prateados.

Jeitosinha e Arlindo nas mãos de ETs!

2 comentários:

Lídia disse...

kkkkkkkkkkk

agora esse trem vai ficar doido mesmo
aiaiaii

*.* Dessa *.* disse...

et..telefone...casa....

"Aqui não há Lei. Não há nada. Só há nós. Nós somos a Lei."