sábado, 8 de março de 2008

O TELEGRAMA

O Juvenal tava desempregado há meses.
Com a resistência que só os brasileiros tem, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- 'Salário mínimo', respondeu Juvenal.
- Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!
- Jura?
- Que carro o Sr. tem?
- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!
- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!
- Jura?
- O senhor viaja muito para o exterior?
- O mais longe que fui foi pra ITATIBA, visitar uns parentes .
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano,para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.
- Jura?
- E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.Juvenal saiu do escritório radiante.

Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama. Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas.
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. As 9 horas da noite a festa fervia.
A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta.
Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero.
A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal.
E a banda tocava!E o choop gelado rolava!O povo dançava!
Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro.Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........
Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela...
Era do Correio!A festa parou!A banda calou!A tuba engasgou!
Um bêbado arrotou!Uma velha peidou!Um cachorro uivou!
Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?
- Coitado do Juvenal!
Era a frase mais ouvida.
Jogaram água na churrasqueira!O chopp esquentou!
A mulher do Juvenal desmaiou!A motoca parou!
- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?
- Si, si, sim, so, so, sou eu...A multidão não resistiu...
- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!
- Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava...Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Respirou fundo e abriu o telegrama.Uma lágrima rolou, molhando o telegrama..
Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.
- E agora? Quem vai pagar essa festa toda?
Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava...
Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou agritar eufórico ..

- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!

3 comentários:

Lorena disse...

hehehehehehe!

Essa foi realmente boa!
Um pouco má, mas foi boa mesmo.

Fernando Dantas disse...

Meio humor negro

mas eu queria que ele tivesse se fodido, linchado pelos amigos, etc. e tal, mas se assim fosse não seria uma piada então melhor deixar como está...

mas eu ri MUITO!

Sabrina disse...

"- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!"

"Aqui não há Lei. Não há nada. Só há nós. Nós somos a Lei."